Força aos guerreiros!
Essa semana, eu me deparei com uma situação que me deixou transtornada.
Um jornalista escreveu um texto criticando a ação da polícia militar. Esse é um
assunto que as pessoas adoram ouvir hoje em dia. Dá muito ibope e gera muita
insatisfação. Será que um fato isolado realmente expressa toda a verdade sobre
o campo mencionado? Estaria me contradizendo se dissesse que todos os textos
jornalísticos são sensacionalistas, por exemplo. É claro que não. A função de
um jornalista é trazer a notícia ao “povo”, mas não é “mastigá-la” fazendo com
que o leitor digira o seu ponto de vista. Cabe a cada um, fazer sua análise e
tomar sua conclusão. Sei que a maioria desses profissionais cumpre bem essa
função. Mas é fato que existem muitos textos jornalísticos tendenciosos e que
usam da generalização e subjetividade, fazendo com que seus espectadores
engulam a notícia dada, sem uma visão ampla do assunto.
Observei que muitas pessoas faziam comentários um tanto dogmáticos, ou
seja, usando o senso comum e sem um estudo prévio, escrevendo frases como: “O
Brasil é uma merda”, “Que país é este?”. É claro que não alcançaram nenhuma
alteração dessa maneira. Sei que, infelizmente, terei um grande índice de
rejeição ao expor minha opinião sobre o assunto e o meu texto não terá tanta
repercussão, mas mesmo assim o farei.
Sinto-me muito triste e sem esperanças diante de uma sociedade que
supervaloriza muito mais as falhas policiais do que os crimes cometidos.
Policiais são humanos. Sei que isso não dá direito nenhum de que infrinjam a
lei, pelo contrário, mas também erram. E eles trabalham todos os dias salvando
vidas e evitando que desgraças aconteçam, em favor dos cidadãos. Por que, ao
invés de ficarem insultando os policiais, essas pessoas não se mobilizam e
publicam fotos e comentários contra a violência urbana (que é realmente o que
devemos temer)? Aqueles que estudam muito e passam por dificuldades que só eles
sabem para conseguir vestir uma farda e depois, ainda sacrificam suas vidas e
de suas famílias, colocando-se em perigo em prol do bem social devem ser
valorizados!
É muito fácil, ficar dentro de
casa, no seu conforto, criticando a ação da polícia. Difícil é ter coragem para
estar no lugar deles. O treinamento é árduo, a cobrança e a pressão psicológica
que sofrem são intensas. A sociedade fala de bullying e isso não é 1% do que
acontece dentro dos quartéis. Um cidadão comum sai na rua com medo e eles vão
para rua enfrentar esse medo. Todo policial sabe o que é ter que tomar decisões
fatais em segundos. E alguns, que Deus os guarde, já morreram em combate.
Não sou policial, pretendo ser promotora de justiça. Isso, devido ao
fato de que também sou uma cidadã indignada com a justiça de nosso país e
espero ter a chance de poder mudar um pouco isso. Mas não estou insatisfeita com
a ação dos policiais. Serei defensora deles eternamente. É preciso que as
pessoas saibam separar o joio do trigo. Sei dos problemas existentes em nossa
polícia, é claro. Mas aqueles que colocam “as caras” na rua estão servindo a
comando de força maior, não são eles que elaboram as leis. E se alguns erram ou
são corruptos, não sejamos injustos: existem muitos erros médicos e corrupção
nos hospitais todos os dias também, por que não recebem tantas críticas? Por
que não se manifestam contra os pedreiros e engenheiros quando uma casa ou um
prédio cai por diversos motivos?
Sei que tem muita coisa a melhorar no nosso país. Mas acho injusto, de verdade,
que as pessoas reajam contra a instituição e seus integrantes, por causa de
alguns policiais que têm mau caráter e não cumprem bem a sua função. Sendo que
existem, sim, e são maioria, policiais que estão dando sangue e arriscando a
própria vida pela comunidade. Há vocação para ser policial, sabia? Muitos amam
o que fazem. Vários policiais são verdadeiros heróis e muitos morrem todos os
dias tentando nos proteger. Mas isso não sai na mídia e os que se destacam para
a sociedade são aqueles falhos profissionais. Isso é lamentável.
Tenho certeza que ouvir os cidadãos dizendo que “a polícia é uma merda”
e questionando a utilidade da instituição, causa uma dor muito forte nos nossos
policias: desde o mais novo soldado até o mais antigo coronel. Não devemos
fechar os olhos, é claro, diante dos defeitos de alguns policiais. Mas devemos
ter uma visão mais ampla da situação. Acredite ou não, os ruins são minoria e
os bons, eu diria que valem a pena serem valorizados. Porque o que eles fazem,
não tem salário que pague e nem cidadão que reprima – é uma questão de honra. “Vai, soldado! ser guerreiro na vida...”.
Bela Pereira.
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