Rio -  A Corregedoria Interna da Polícia Civil afastou, na tarde de ontem, o titular da 35ª DP (Campo Grande), delegado Alberto de Oliveira Leite, após a fuga do cabo PM Frank Cimar Barbosa de Oliveira, de 39 anos, acusado de sequestrar e estuprar uma jovem em Campo Grande, na madrugada de domingo. O cabo, lotado no 17º BPM (Ilha), foi preso após o crime e fugiu pela porta dos fundos da delegacia. Na manhã de ontem, ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e é considerado foragido.
Arma do PM acusado de estuprar jovem foi apreendida pela Polícia | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Arma do PM acusado de estuprar jovem foi apreendida pela polícia | Foto: Uanderson Fernandes /Agência O Dia
O afastamento do delegado-titular foi confirmado após uma minuciosa inspeção feita na unidade por equipes da Corregedoria, que confirmou que, no momento em que o cabo foi apresentado na 35ª DP, a delegada de plantão, Elaine Villar, não estava presente. De acordo com o noivo da vítima, que chegou ao local por volta das 2h30, a delegada só apareceu às 6h.
A Corregedoria também poderá punir uma inspetora, que não registrou a prisão do cabo, alegando a ausência da delegada, única com permissão para autuar o policial em flagrante. A inspetora não deveria permitir que o cabo ficasse nas dependências da delegacia sem algemas e circulando sem qualquer vigilância — tudo isso permitiu que ele fosse até os fundos do prédio e fugisse sem problemas.
O afastamento do delegado-titular Alberto Leite também foi motivado, de acordo com a Corregedoria, pelas denúncias de moradores de Campo Grande, que reclamam de demora no atendimento para fazer registros de ocorrências. Assim que as equipes da Corregedoria chegaram à unidade, apenas um inspetor estava à disposição para o atendimento.
“Esperei por quase 12 horas para registrar o roubo de documentos, cartões e do meu telefone celular. Nem fui trabalhar só para conseguir fazer o registro e, mesmo assim, saí da delegacia sem conseguir ser atendido”, reclamou o pedreiro José Vicente Matos, de 42 anos.
Família pede proteção e psicólogo
Em estado de choque, a vítima do cabo Frank Cimar não consegue falar sobre o caso desde que chegou em casa, domingo. Ela foi medicada no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, e, agora, a família faz apelo para que o estado ofereça à vítima e ao noivo, que estava com ela quando o cabo a abordou, tratamento psicológico. Parentes também pedem proteção policial, já que se sentem ameaçados pelo PM foragido.
“Ontem, após a fuga, um carro parou em frente à casa da minha noiva, com os faróis altos. Passou um tempo e o veículo saiu, em alta velocidade, cantando pneu. Só podia ser ele”, argumentou o noivo, que está evitando conversar sobre o ataque com a noiva. “Não quero deixá-la mais angustiada ainda”, completou.
O casal caminhava quando foi abordado pelo cabo, que exigiu os documentos do casal. Como ela estava sem a identidade, o PM, armado, exigiu que o noivo virasse para a parede e mandou que a moça entrasse em seu carro, encontrado minutos depois pelo irmão da vítima e por dois PMs do 40º BPM (Campo Grande). Estes policiais também poderão ser punidos pela fuga de Frank Cimar, já que não o algemaram, o que pode ter facilitado a fuga.