BLOG DO CORLEONE

Camisas da Polícia Penal

domingo, 18 de dezembro de 2011

EUA: carrascos se convertem em militantes contra pena de morte
"Em meus pesadelos, ainda vejo seus rostos". Surgem novas vozes, até entre o grupo dos carrascos, para exigir a abolição da pena de morte nos Estados Unidos, "o assassinato mais premeditado de todos". São antigos agentes carcerários ou ex-diretores de penitenciárias que presidiram execuções em todos os cantos do país.
Allen Ault permanecia atrás da cadeira elétrica e dava "a ordem de apertar o interruptor". "Em meus pesadelos, ainda vejo seus rostos", conta à AFP. "É um trabalho desumano", ressalta.
Comissário das autoridades penitenciárias da Geórgia (sudoeste) nos anos 1990, Ault supervisionou cinco execuções no corredor da morte que ele mesmo construiu vinte anos antes, quando a pena de morte ainda não havia sido restaurada.
Rom McAndrew, ex-guarda carcerário na Flórida (sudeste), levou três detidos à morte por cadeira elétrica e outros cinco no Texas (sul) por injeção letal.
Um dia de 1997, "houve um incêndio, foi horrível, os queimamos literalmente vivos". A lembrança de ter dito ao eletricista que seguisse, apesar do mau funcionamento da cadeira elétrica, ainda atormenta McAndrew. "Este trabalho é tão sujo, nos tornamos selvagens", confessa à AFP. "É hora de progredir em direção a uma sociedade mais evoluída, onde a prisão perpétua seja uma pena equivalente à pena de morte".
Reginald Wilkinson, ex-diretor das autoridades penitenciárias de Ohio (norte), responsável por "aplicar a lei", aprendeu a viver com as execuções, mas terminou passando para o grupo dos abolicionistas.
"Promotores, governadores, juízes. Ouvimos novas vozes, as coisas estão mudando entre os dirigentes", ressaltou Steven Hall, da organização Standdown.
Suas vozes se fazem ouvir para acelerar o desuso da pena de morte nos Estados Unidos. Em todo o país, o número de execuções e de condenações à morte diminuiu, segundo o último informe do Centro de Informação da pena de morte (DIPC, em inglês).
Mas, embora estejam perdendo espaço, os americanos partidários da pena de morte continuam sendo maioria. Para Wilkinson, "será necessário que muita gente manifeste seu apoio" à supressão do castigo supremo.
Junto a outros ex-responsáveis de prisões do Estados da Califórnia, Flórida e Ohio, os três abolicionistas assinaram uma carta pedindo clemência para Troy Davis. A execução deste detido em setembro, apesar das dúvidas sobre sua culpabilidade, provocou diversos protestos em todo o mundo e provocou uma guinada na mentalidade americana.
"Por que se precipitar quando há tantas dúvidas?", se pergunta Allen Ault. "A pena de morte é sempre ruim, mas executar quando existem dúvidas é o pior insulto para uma sociedade", disse.
Desde 1976, 139 detidos foram perdoados no corredor da morte, segundo o informe do DIPC. "Nos Estados Unidos, substituímos a justiça pela vingança", ressalta McAndrew.
O ex-agente carcerário ainda se lembra do detido no corredor da morte com quem se encontrou por acaso anos mais tarde em um aeroporto da Flórida. "Reconheceu-me, colocou seu braço no meu ombro", conta, referindo-se ao prisioneiro, perdoado após 20 anos de detenção. "Eu poderia tê-lo conduzido à sala da morte para levá-lo à morte", destacou.
Além disso, o sistema é "injusto", já que uma pessoa se salva "quando tem dinheiro suficiente para pagar bons advogados", explica. "Se OJ Simpson não tivesse sido OJ Simpson, teria sido condenado à morte", disse.

Para Allen Ault, "é o assassinato mais premeditado de todos". E é um erro e uma hipocrisia "acreditar que 
serão evitados assassinatos ao assassinar alguém".

fonte:AFP

Buraco em cela de detentos faz CDP cancelar visitas de familiares

Pavilhão B, setor que possui mais presos no local, foi isolado preventivamente

Familiares dos presos alojados no Pavilhão B do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Piracicaba não puderam visitá-los na manhã deste sábado (17). Ao menos 30 pessoas ficaram do lado de fora do local. As visitas foram suspensas porque foi encontrado um buraco em uma das celas do setor na sexta-feira (16). O Pavilhão B tem 416 detentos e é o mais lotado entre os quatro existentes.
Um agente penitenciário que não quis se identificar disse que o buraco encontrado em uma das celas foi apenas um dos problemas. "Quando acontece algo assim, procura-se o culpado. Como ninguém assumiu que fez o buraco, o restante dos detentos se uniram e quiseram começar a criar caso", disse. Ele não quis dar mais detalhes sobre o assunto. 
O agente contou ainda que a ordem de isolamento do pavilhão partiu de uma autoridade superior, designada por meio de um ofício. "O CDP apenas cumpriu a determinação. O pavilhão B foi isolado e, por isso, as famílias não poderiam fazer a visita hoje (sábado) de manhã", finalizou.
Os visitantes vieram de cidades da região como Sorocaba, Limeira, Tatuí e Rio das Pedras. Houve parentes que vieram até de outro Estado, como Pernambuco. Todos voltaram para casa sem conseguir visitar os presos.  A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a direção do CDP tem autonomia para aplicar medida disciplinar, como a suspensão de visitas. Os motivos da suspensão, segundo a assessoria, serão divulgados na segunda-feira (19). A assessoria descartou a hipótese de rebelião pois, caso contrário, teria a informação neste sábado.   
Famílias
Muitos parentes dos presos não sabiam do ocorrido e foram até o CDP para a visita neste sábado. Eles ficaram surpresos e indignados com a determinação. A costureira Rute Silva, de 31 anos, voltou para casa sem ver o irmão que está detido. "Ficamos revoltados porque não sabemos se é rebelião ou não, e se tem alguém ferido. Só avisaram a gente que os presos do pavilhão B não receberiam visitas na hora. É uma humilhação", afirmou. Ela, a mãe e o pai chegaram às 5h. "Voltamos porque minha mãe passou mal. Não sabemos o que está acontecendo."

A mãe de um jovem de 18 anos aguardava em frente ao CDP quando a reportagem do
 EP Piracicaba chegou ao local. O filho dela está preso há um mês por tráfico de drogas. "É a primeira visita que eu venho e já não consegui entrar", disse. Segundo ela, a visita deste sábado era para os detentos dos pavilhões B e D. No domingo (18), a visita acontece para os detentos dos pavilhões A e C.
Para a dona de casa Maria Conceição da Silva, de 52 anos, a situação foi angustiante. "Eles estão falando que os presos estão de castigo e que ninguém vai poder entrar. É Natal, gente! Não podem fazer isso", afirmou. Ela é mãe de um preso que chegou ao CDP há dois meses por envolvimento com o tráfico de drogas. Segundo ela, muitas mães choraram muito quando souberam da proibição. "Moro em Rio das Pedras, sai às 4h da manhã e não consegui ver meu filho", lamentou.
Fonte: eptv.globo.com

Um comentário:

  1. Infelizmente a familia sofre com isso mas é correto punir, mesmo sabendo que vai acontecer outras vezes...

    ResponderExcluir